segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Fetiche


Objeto animado ou inanimado, natural ou feito pelo homem, ao qual se atribui poder sobrenatural ou mágico. É a primeira definição que aparece no dicionário para o substantivo masculino "fetiche". Palavra de origem francesa - fétiche, que em português vem de feitiço e do latim facticius artificial, fictício - e que nem sempre está relacionada ao sexo. O sentido é amplo, tendo fundamentos teóricos passando pelas histórias, psicologia e sociologia. Mas a definição que costuma interessar à maioria das pessoas é: situação, objeto ou parte do corpo que estimule o desejo sexual.
Calcinhas & lingeries 
"Eu não posso ver um homem de peito nu na rua. Controlo meus olhinhos", é o que conta a produtora de moda Paula Mescolin, 30 anos. Casada há sete anos, ela não esconde seus fetiches do marido e diz conhecer todos os dele. "Ele adora calcinha fio dental. No começo não gostava, mas despertou para isso com o tempo", revela. Os dois estão sempre inovando para que a relação não caia na rotina. E o mais importante: conversam muito. "O diálogo também pode ser erotizante, picante", diz ela.
Para a Paula, o problema é que muitos homens não sabem pedir para a parceira o que querem na cama. "Eles são desajeitados. O cara não percebe que se ele tiver um charme ao propor algo novo, o sexo vai acontecer do jeito que ele deseja. Mas tem que ter uma bossa para conseguir isso", comenta. Mais do que satisfeita com seu relacionamento, ela jura atender a todos os fetiches do marido e provocar outros. "Quando saímos, e ele sabe que estou sem calcinha... Fica maluco! Da mesma forma uma lingerie, um strip-tease e um salto já fizeram um bom efeito", diz. Transas em lugares inusitados fazem parte do cardápio do casal.
Como o marido da Paula, outros homens são vidrados em saltos altos e calcinhas. "Uma lingerie tem efeito muito mais devastador do que um biquíni", afirma Ciro Prates, engenheiro de computação, 25 anos. Segundo ele, é mais fácil lembrar-se da calcinha que a mulher estava do que a roupa em si. Ainda mais se for uma micro, vermelha e quase transparente. Uma mulher ao ler esse comentário pode pensar “Ele é uma exceção. Homem não repara em lingerie. O que importa para o cara é tirar a calcinha". Será?
"Isso é cisma de mulher. Homem não só gosta de uma lingerie ousada e bonita, como também compra muito para a sua parceira", afirma Margot Bertholo, dona da Sex Shop Muito Prazer. Segundo ela, a mulher tem que perder a vergonha de usar uma calcinha pequena e bonita, mesmo se estiver um pouco fora do peso ou com celulite e estria. Ela garante: eles não enxergam defeito nenhum. "Tenho vontade de bater em mulher que usa calcinha rasgada, larga ou com elástico solto", brinca.
Fantasias 
Na sex shop de Margot o que sai muito são as fantasias, compradas por ambos os sexos. Com uma diferença: homens gostam do tipo colegial ou doméstica. Já as mulheres preferem uma tigresa ou mulher-gato. "Acredito que mesmo de um modo inconsciente existe um desejo de dominação da relação". Já as máscaras, espartilhos saem menos. "É mais uma questão de moda. Na época da Tiazinha foi uma febre, muito até por vontade dos homens. Eles não têm criatividade". Segundo Margot, os desejos dos homens são baseados muito no que sai na mídia. "Eles vêm uma famosa com determinado adereço e imaginam a parceira na mesma situação".
Margot é do tipo que conversa com os clientes quando estes dão liberdade. E com isso, já escutou vários tipos de fetiche. "Há pouco tempo ouvi uma engraçada. A mulher se 'fantasia' de garota de programa, vai para a rua e combina com o parceiro de ele passar de carro". Margot conta que a mulher faz tudo o que o cara pede na noite e ainda recebe pelo "serviço".
E quando o fetiche é mais pesado?
"No mercado, quando a pessoa usa a palavra fetiche, geralmente, está falando em relação à sado-masoquismo", explica Margot. Cinto de castidade, mordaça, máscara, algemas que separam as pernas e os braços fazem parte do pacote. Mas ela afirma que esse tipo de cliente não é muito de conversa. "Chega, escolhe o que quer, paga e vai embora".
Taís*, advogada, já experimentou sessões sado com um de seus parceiros e não curtiu. "Botar coleira, queimar a ponta do mamilo com isqueiro e andar de quatro não fazem a minha cabeça", revela. Ela só se permitiu coisas que poderiam dar tesão nela também. "O que eu não queria, não fiz". Uma dificuldade de muitas mulheres: negar o pedido do parceiro quando se está envolvida por medo de perdê-lo. O que não aconteceu com Taís, que conta que o relacionamento durou até o momento em que, mesmo apaixonada, começou a questionar se o parceiro não se interessava por ela sem qualquer fantasia.
A advogada diz que experimentou um pouco de tudo na vida. Chegou até a sair como garota de programa do namorado, fetiche citado por Margot. Hoje tem certeza de que o que gosta mesmo é o sexo a três, sendo duas mulheres e um homem. "Não é só homem que tem esse fetiche. Conheço muita mulher que adora". No entanto, deixa claro: "Atualmente, sexo a três, só verbal. O homem se excita mais pelo olhar e a mulher pelo ouvido. Realizar esse tipo de fetiche com alguém que você gosta muito pode ser complicado. A mulher mistura o sexo com o amor", explica.
Taís lembra que transou com uma amiga e o homem com quem estava na época, e que a situação após o sexo não foi nada agradável. "Você fica com medo de perder o cara. Até porque você não vai transar com uma mulher feia. Ela tem que ser desejável, né?". E é por essa razão que ainda não realizou esse fetiche com seu atual companheiro, apesar da vontade.
De bem com a vida 
"O fetiche é um detalhe do relacionamento. O que importa, realmente, é se você está cheirosa, com o pé bonito, as unhas bem pintadas e de bem com a vida", destaca a advogada. Ela se permite ter prazer de vários modos, o que não a deixa dependente de alguma prática. "Quando a pessoa só se estimula de um jeito, deve procurar um psicólogo ou uma psicoterapeuta", alerta a educadora sexual Laura Muller. De acordo com Laura, o normal é já sentir prazer com o beijo na boca, um carinho no cabelo, um toque e ter o fetiche como uma forma a mais de se estimular.
Para a mulher que está envergonhada em realizar algum fetiche do parceiro ou mesmo seu, Laura aconselha: "Primeiro se pergunte o que gosta de verdade. Respeite os seus limites e olhe para os seus próprios desejos. Depois, veja até onde pode ceder". A educadora acredita que a mulher deve ser firme e não ter medo de perder o parceiro por negar isto ou aquilo. A regra é básica: ir até ao ponto em que você não se sinta ferida fisicamente ou emocionalmente. "O sexo é uma eterna negociação", ou seja, use seu poder de barganha. Só não perca tempo e prazer.

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