Não é só com lingerie sexy, striptease e pole dance que se tira uma vida sexual da rotina. As práticas que ajudam a descobrir novas sensações, fontes diferentes de prazer ou meios mais interessante para se excitar são incontáveis.
Na coluna de hoje, eu vou falar um pouquinho sobre o bondage, uma prática muito famosa, porém pouco difundida no Brasil. Bondage é uma palavra francesa que significa escravidão, servidão. Os adeptos do bondage buscam um prazer sexual que dizem encontrar apenas quando o controle está totalmente com o parceiro.
Conversei com a publicitária Thaisa Fernandes, que tem o bondage como seu principal hobby há mais de um ano, para entender melhor sobre o assunto:
O que é e para que serve o bondage?
"Bondage é uma forma de se amarrar, ou amarrar alguém, com foco no prazer. O controle total da pessoa imobilizada fica com o parceiro. Há também quem pratique com fins estéticos".
Você pratica sempre com foco sexual?
"Nem sempre. O bondage também é uma manifestação artística. Adoro pensar em diferentes formas de amarração, gosto de aperfeiçoar as que já conheço, sempre deixando o trabalho visualmente bonito e, na medida do possível, confortável. Como o meu namorado é fotógrafo, a gente já fez diversos trabalhos focados em bondage. Algumas fotos estão aqui".
Qual a relação entre o bondage e o sadomasoquismo?
"São coisas completamente dissociadas. O leigo costuma achar que é a mesma coisa, que SEMPRE haverá dor e humilhação, quando o bondage, na verdade, exige respeito mútuo e consenso".
Qual o limite entre o bondage e a tortura?
"O bondage não envolve tortura, embora possa tornar-se uma se for feito de forma inadequada ou se o participante assim desejar. Algumas suspensões e poses difíceis podem ser dolorosas por si só. Exceto nesses casos, é errado dizer que existe um limite entre um e outro, já que não existe essa evolução linear do bondage a tortura. A amarração que se torna torturante ou é consentida ou está sendo feita de forma errada e deve ser abandonada o quanto antes. Convém citar um dos lemas das práticas do BDSM (Bondage, Dominação, Sadismo, Masoquismo): 'São, seguro e consensual'".
São necessárias cordas especiais pra não machucar?
"Todas as cordas podem machucar em maior ou menor grau, dependendo do que está sendo proposto. As cordas de poliéster normais, que você encontra em qualquer loja de materiais para construção, são muito boas e baratas para se iniciar a prática. Não recomendo cordas de fibras como cânhamo, que podem arranhar a pele. Além disso, até hoje não encontrei no Brasil nenhuma loja que vendesse corda especial para a prática, então a corda de poliéster é a alternativa mais viável. As cordas mais grossas, entre 5 e 10 mm de diâmetro, são melhores por não marcarem muito profundamente a pele. Uma dica legal: queime as pontas da corda antes de usá-la, pra que não desfiem. Jamais usem barbantes, linhas ou fios, pois eles cortam a pele".
São necessários nós especiais para conseguir desatar depois?
"Quanto menor a quantidade de nós prendendo a pessoa, melhor. E isso não só por razões de segurança, como também de estética. Esta busca por uma quantidade menor de nós é um exercício difícil e que requer muita prática. Eu costumo me desafiar e tentar fazer certos tipos de amarrações sem dar nós. Quando os nós são necessários, é bom não fazer aqueles tradicionais, que são mais difíceis de soltar. Uma boa dica é enrolar a ponta da corda em volta de uma parte já esticada, dessa forma a pressão segura a ponta no lugar, mas fica fácil de soltar.Um exemplo bom de como usar poucos nós prendendo a pessoa é o Karada, uma amarração do Shibari(que é um método oriental de bondage). Que pode ser usado como base para produções maiores.
No bondage, geralmente, quem é amarrada é a mulher. Os homens também podem ser amarrados?
"Sim, há várias maneiras de amarrar o homem. Das mais tranquilas às mais hardcore. As diferenças estão, obviamente, nos métodos de passar a corda pelos genitais".
Quais as principais dicas e cuidados pra quem quer começar a praticar?
"Comprar cordas exclusivamente para a prática é a principal dica. Quem não possuir a corda ou não quiser comprá-la logo de cara, pode começar usando meias-calças, cintos ou até gravatas. Há regras de segurança que devem ser seguidas:
- Mudar o parceiro de posição a cada 30 minutos e nunca apertar muito as cordas (colocar pelo menos dois dedos de folga entre elas e a pele) para evitar problemas de circulação ou nos nervos;
- Ter uma palavra ou gesto de segurança facilmente notável (safeword) pré-combinado para que a atividade seja interrompida caso haja problemas, dor ou desconforto;
- Nunca deixar a pessoa presa sozinha;
- Tomar cuidado com posições que dificultem a respiração;
- Ter certeza que pessoa presa pode ser solta rapidamente em casos de emergência e, sempre que possível, ter uma tesoura por perto;
- Conferir periodicamente como a pessoa presa se sente e se ela está com as extremidades frias, sem sensibilidade ou azuladas (o que indica que a circulação está sendo prejudicada);
- Nunca ultrapassar seu limite para a dor, fazer tudo de forma consentida e, se possível, alongar-se antes de uma sessão, para reduzir um possível desconforto;
- Lembre-se: o objetivo é que tudo seja divertido e prazeroso para ambos".
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