Quando um relacionamento acaba, vem aquela angústia no peito, falta o ar, dá uma tontura estranha, até um certo enjoo. Os dias se passam, as sensações mudam, mas uma coisa permanece: a famosa dor de amor. E você que se achava fraca por se sentir dessa forma, saiba que isso é, sim, uma dor de verdade.
Pelo menos para o seu cérebro.
Uma pesquisa realizada por uma equipe de cientistas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, mostra que o cérebro considera algumas emoções tão dolorosas como danos físicos, como, por exemplo, uma queimadura de pele.
As experiências para testar a teoria consistiam em colocar pessoas em exames de ressonância magnética funcional (estes mostram o que acontece no cérebro quando realizamos alguma tarefa específica) enquanto elas participavam de um joguinho computadorizado de arremesso entre três pessoas. O jogo foi manipulado de forma que a cobaia fosse excluída (ou seja, rejeitada) depois de algumas rodadas.
Sabe-se, por meio de estudos anteriores com ressonância magnética funcional, que a dor física, normalmente ativa dois tipos de região do cérebro: uma associada com a "aflição" da dor física (emocional) e outra associada à sensação física da dor (sensorial). Ser rejeitado no jogo de arremesso causou a ativação da região cerebral responsável pela sensação de dor, mas não a área que realmente registra a dor fisicamente.
Como ser rejeitado por uma dupla de estranhos não se compara a aflições do mundo real, os cientistas submeteram pessoas que tiveram experiências recentes de rompimentos amorosos aos mesmos scanners de ressonância magnética da experiência anterior. Só que, dessa vez, ao invés de um jogo, as pessoas visualizavam fotos de seus ex-parceiros e foram instruídas a pensar sobre a intensa rejeição que experimentavam.
Os resultados foram impressionantes, pois, não só a região emocional de dor foi ativada. O cérebro dessas pessoas realmente acreditava que elas estavam com uma dor física, sob a ativação da parte sensorial de dor. Em outras palavras, os mesmos caminhos cerebrais são ativados quando sofremos rejeições e quando sentimos dores físicas. Dor de amor dói mesmo.
E quais são os motivos para que nosso cérebro responda a rejeições amorosas imitando dores físicas? Segundo os cientistas, as respostas estão no nosso passado de caçadores-coletores.
Quando vivíamos em pequenos grupos nômades, o ostracismo de nossas tribos era semelhante a uma sentença de morte, já que era quase impossível sobreviver sozinho naquele ambiente. Por esse motivo o cérebro desenvolveu um sistema para nos alertar quando estivéssemos correndo o risco de sermos expulsos de nossos grupos.
Aqueles que sentiam a rejeição de forma mais dolorosa, estavam mais propensos a corrigir seu comportamento, evitando serem expulsos de seus grupos e, portanto, tinham mais chances de sobreviver e passar seus genes adiante.
Sendo assim, não é só o fim de um relacionamento que pode doer "de verdade", mas brigas com familiares e amigos muito próximos, a perda de um ente querido, ser deixado de lado por pessoas que você gosta e, claro, paixões não resolvidas também podem causar essa sensação de dor física. Nosso cérebro interpreta tudo, basicamente, da mesma forma.
Por ser impossível evitar esse tipo de situação, você deve encarar o sentimento ruim como parte natural da vida, algo que todo mundo sente e sobrevive.
É preciso respeitar seus sentimentos, sua sensação de luto. Por isso, permita-se, chore, isole-se quando precisar, sinta as dores físicas e entenda tudo aquilo que está acontecendo. E se, por acaso, perceber que não vai conseguir passar por isso sozinha, procure ajuda profissional. Isso não faz de você fraca, mas forte o suficiente para admitir o que sente. Afinal de contas, você foi "programada" para se sentir assim.
Por Juliany Bernardo (MBPress) Fonte: http://vilamulher.terra.com.br/amor-e-sexo
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