segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Postectomia: os mitos e verdades sobre sua influência na vida sexual

De higiene à prevenção contra o câncer, entenda a cirurgia



A postectomia, cirurgia para a retirada do prepúcio (aquele excesso de pele natural do pênis), não é um procedimento desconhecido. Mas os resultados, muitas vezes, são mal esclarecidos e confundidos com mitos, especialmente com relação à vida sexual de quem recorre a ela. 

De fato, o procedimento pode melhorar o desempenho sexual de alguns homens. Mas por razões médicas muito claras. Membro do Departamento de Sexualidade Humana da Sociedade Brasileira de Urologia, o Dr. Valter Javaroni esclarece: "No homem iniciado sexualmente, a indicação é para aquele que sente dor a cada exposição da glande, seja no coito ou na masturbação. Esse desconforto está relacionado ao anel que limita o movimento da pele (a chamada fimose, quando a 'capa de pele' é tão estreita, que dificulta o movimento)", explica. Mesmo quando a fimose é identificada ainda na infância, o ideal é esperar o início da vida sexual, uma vez que esse anel pode ceder com o tempo. 

A outra indicação, no caso do homem adulto e com vida sexual ativa, é para aquele que sofre de balanite de repetição (sucessivas inflamações na glande), que limita a elasticidade da pele, afirma o especialista. 

O resultado da cirurgia é, comprovadamente, positivo para a vida sexual nesses dois casos, em que a retirada do prepúcio influencia, diretamente, no conforto na hora do sexo, sem dores. Mas o Dr. Valter ressalta que é uma cirurgia e o tempo médio para voltar a ter relações sexuais é de um mês. Abaixo, alguns mitos e verdades sobre a relação entre a cirurgia e a vida sexual do paciente: 

Higiene

Ao contrário do que muitos homens e mulheres pensam, aquele forte odor do pênis não está relacionado ao prepúcio, ou seja, ao excesso de pele. Qualquer homem, tendo feito ou não a postectomia, pode ter odor forte na região. O que é verdade é que, quando o prepúcio é retirado, facilita a higiente. Mas não, necessariamente, irá curar o odor. Portanto, se o motivo seria esse, a cirurgia não é indicada.

Controle da ejaculação

"No passado, há mais de 30 anos, o prepúcio era associado à ejaculação precoce. Assim, recomendava-se a postectomia para que se tivesse controle sobre ela. Com a retirada da pele e a exposição permanente da glande e sem proteção, pensava-se, ela não ficaria tão sensível, pois acostumaria com aquela condição. Mas isso não é verdade e nunca houve nenhuma comprovação científica a respeito", avisa o especialista.

Proporciona mais/menos prazer

"É mito. Se fosse verdade que a retirada do prepúcio dá mais prazer, por exemplo, teria fila para realizar o procedimento. O tratamento precisa ser individualizado. O que é bom para um homem, pode ser muito ruim para outro. A sensibilidade não tem relação direta com a circuncisão", explica o Dr. Valter.

Medida preventiva contra o câncer

O pênis produz uma substância esbranquiçada e gordurosa, chamada esmegma, para limpar e lubrificar o órgão genital. Todavia, é preciso higienizar adequadamente o membro para remover o esmegma, evitando a proliferação de bactérias e infecções. "O acúmulo de esmegma irrita cronicamente a pele e surge o sangue. Como a glande está sob aquele excesso de pele, muitas vezes o paciente só identifica alguma anormalidade quando o problema está avançado", explica o especialista. Portanto, o procedimento pode ajudar na prevenção. Mas, com ou sem a cirurgia, a higienização pode ser feita, evitando esse acúmulo e, consequentemente, o câncer de pele no pênis.

Previne a contamição/transmissão de DST

"No caso da AIDS, em alguns países da África, onde a doença é endêmica (quando existe, constantemente, em determinado lugar), a própria Organização Mundial de Saúde indica a cirurgia. Isto porque a fácil aderência da pele propicia a contaminação. Estudos daquelas regiões comprovaram a redução da contamiação em até 60%. Mas isso depende muito da exposição. Estamos falando de uma região onde há enorme quantidade de mulheres infectadas e onde a cultura do uso da camisinha não é tão disseminada", esclarece. Com relação a outras doenças sexualmente transmissíveis, com a retirada do prepúcio, a chance de transmissão é menor, uma vez que a identificação é mais fácil, com a glande exposta e evidente. É comum o ginecologista da mulher recomendar a cirurgia ao seu parceiro, com a constante reincidência de algumas doenças, por conta do excesso de fungos e bactérias que podem ficar armazenados sob o prepúcio", explica. "Mas isso não é garantia de nada. O casal deve usar camisinha, sempre, em um relacionamento estável ou não", enfatiza. 

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