segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Você é viciado em sexo?

Como dizia Aristóteles, a virtude está no equilíbrio: não é bom ser maníaco, tampouco indiferente.



O Buda tinha o seguinte método de se livrar de um desejo sexual inoportuno. Imaginava a mulher excitante que o provocava sexualmente como uma velhota, uma Sophia Loren aos 75 parecida com o Cauby Peixoto.

Envelhecia-a. Podia até transformá-la mentalmente num cadáver putrefato, como aqueles que você vê em filme de terror, carne se descolando do osso num espetáculo, para usar palavras de Euclides, truanesco e pavoroso.

Acabou.

É um bom método, a não ser pelo detalhe de que nem todo mundo tem a força mental do Buda.

Me ocorreu essa história quando li, algum tempo atrás, que Tiger Woods ficara internado numa clínica para viciados em sexo e Iris Robinson, a primeira dama irlandesa sessentona que se enfiou numa aventura com um cafa de 19 anos, descansou numa casa para desequilibrados mentais.

Não são budistas, os dois. O sexo os controlou, em vez de ser controlado.
Também não são aristotélicos. Aristóteles, discípulo de Platão e professor de Alexandre, o Grande, disse que a virtude está no meio. Nem avaro e nem gastador. No sexo, nem maníaco e nem indiferente.
O problema, como no caso do alcoólatra, é como você pode admitir que é viciado em sexo antes de ter problemas como Tiger Woods e Iris Robinson. Repare nas pessoas que bebem muito. Qual delas reconhece o alcoolismo.

O viciado em sexo, ou a viciada, tem mecanismos mentais opostos aos do Buda. O cara vê uma mulher interessante e, em vez de pensar em algo que lhe subtraia o apelo, imagina-a nua, lânguida a seu dispor.
A viciada faz o mesmo. Ela enxerga Jesus (o ex da Madonna) onde deveria ver, por exemplo, o Sarney.
Para tirar a dúvida sobre sua condição, existe um teste, elaborado pela clínica em que Tiger Woods esteve.

Fiz agora há pouco e, como já desconfiava, não, não sou viciado, embora coloque o sexo na mesma lista sagrada de delícias como o Nescau e a música dos Beatles na primeira fase, a da franja e dos risos.
Parece uma comparação profana, mas fazendo as contas já passei, na vida, períodos maiores sem sexo do que sem Nescau ou sem ouvir She Loves You. Bem, recomendo a feitura do teste. Dá uma boa discussão.


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