quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O imaginário do sexo para os adolescentes do século 21



Lá vêm os hormônios, com toda a força. E, com eles, a descoberta do próprio corpo e do sexo. Todos nós, para ser adultos, passamos por isso. Só que sem a influência da internet – e suas facilidades em direção à pornografia e à massificação dos comportamentos.

Qualquer adolescente pode, sim, ter acesso ao pornô. E a questão dos pais e educadores não é proibir ou bloquear, mas informar e educar. Afinal, descobrir o próprio corpo e sentir prazer com ele não é crime nenhum.

Em 2009, a publicitária inglesa Cindy Gallop fez a palestra Make Love, not Porn. Daí surgiu site, livro e movimento. Ela foi a voz para um sentimento que habita muitas mulheres – e que fala contra a massificação dos comportamentos sexuais.

Para nós, que crescemos sem acesso a essa informação visual – ou com acesso muito mais restrito e permeado por muitas conversas – tudo pode parecer surreal. Mas não é. Meninos e meninas acham que o que vêm no pornô é o que deve ser o sexo entre duas pessoas. E o pornô mais difundido é o mais estereotipado. (Sim, existem várias linhas de pornô…)

E o prazer no sexo só acontece com conversa, entendimento, autodescoberta. O que é interessante é o jeito como a Cindy simplificou a história, mostrando como as cenas que acontecem nos filminhos eróticos não correspondem à realidade. Alguns exemplos:

- nos filmes, homens adoram ejacular no rosto das moças e elas adoram isso. Na realidade, há pessoas que gostam, outras que não.

- nos filmes, as mulheres não têm pelos públicos. Na realidade há mulheres que têm e que não têm (embora no Brasil, as coisas sejam um pouco menos “diversificadas”, porque temos a cultura da depilação enraizada). E isso é questão de escolha pessoal!

- nos filmes, as mulheres sempre chegam ao orgasmo. Mesmo que não se chegue nem perto do clitóris. No mundo real, como vimos na matéria sobre o Clitóris, publicada aqui, não é assim: ou o clitóris é estimulado de algum jeito, ou… não haverá orgasmo.

- no mundo imaginário, todas as mulheres curtem sexo anal. No real, não, não é assim que a banda toca. Há homens que curtem, outros que não. Idem para as mulheres.

- Nos filmes, as posições são feitas para serem filmadas. No sexo de verdade, o melhor de tudo é o contato da pele, a pressão dos corpos entre si.

Por estes poucos exemplos você verá que seus adolescentes serão enganados pelos filminhos. E os filminhos são toda a referência que terão sobre sexo – a não ser que sua família entre em ação e os adultos conversem sobre isso com os mais jovens. Ou alguém aqui tem visto cenas de sexo em filmes outros (mesmo que para maiores)? Muito poucas têm acontecido, vamos combinar.

Pior que isso: excitar uma mulher é muito mais difícil e trabalhoso do que é filmado ou mostrado. Na cama, não há lugar para egoísmo ou preguiça: quanto mais dedicado e presente você está, melhor o resultado. Por estas e outras, a educação precisa dar conta de levar a realidade a eles. Como? Conversas, livros, outros filmes. Sim, estamos sugerindo que você mostre outros filmes eróticos aos seus adolescentes e indique que os pornôs não são a realidade – e que, se eles imitarem os filmes, provavelmente não terão prazer algum.

Make Love, Not Porn ainda não está disponível em português, mas foi criado especialmente para estimular e incentivar relações sexuais mais prazerosas e saudáveis. Quem lê inglês pode comprar o seu exemplar na Amazon (por US$ 2,99).

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