segunda-feira, 7 de abril de 2014

Sexo na terceira idade

Especialista fala sobre as principais mudanças para quem chegou nessa nova fase



A novela das nove, Amor à Vida, está abordando um novo tema entre os personagens: o sexo na terceira idade. Recentemente, Félix (Mateus Solano), Pilar (Suzana Vieira) e Bernarda (Nathalia Timberg) protagonizaram uma cena na qual mãe e filho ficam chocados ao ver que a idosa saiu de casa para passar a noite com um homem, o Lutero (Ary Fontoura). Mas, antes de a personagem aceitar dormir com o namorado, ela própria se questionou em relação a sua idade, como se o sexo só fosse praticado na juventude.

Para desvendar esse tabu, o Papo Feminino conversou com o médico gerontologista e presidente do Centro Internacional de Longevidade Alexandre Kalache, que esclareceu alguns pontos deste assunto. Assim como defende o personagem Lutero, o especialista também afirma que a atividade sexual não está restrita à idade. “O ato em si é capaz de liberar hormônios, relaxar, amenizar dores e trazer felicidade. Ou seja, não gera nenhum malefício à saúde física ou mental”, pontua.

Mudanças

A questão é que, com a idade, o corpo envelhece e algumas coisas mudam, como a flexiblidade e a disposição. Porém, fisiologicamente falando, a principal dificuldade indicada por Alexandre é a falta de lubrificação. “Após a menopausa, as mulheres diminuem a intensidade da lubrificação natural e isso gera dificuldade e incômodo na hora da penetração”, completa. Esse problema pode ser facilmente resolvido com produtos específicos, como os lubrificantes íntimos.

Outro fator, que está mais ligado ao lado psicológico, é a diminuição da libido. Por estar em uma idade avançada, a mulher não se sente segura ou acaba suprimindo seus desejos eróticos por conta da aparência ou preconceito. Por isso, o médico destaca a importância de renovar as relações e buscar sempre novidades a dois para manter o interesse vivo. “O segredo é colocar mais cor e usar a imaginação”, diz.

Por outro lado, muitas mulheres enxergam a terceira idade como uma fase de libertação, pois não correm mais o risco de engravidar. Sem essa preocupação extra, o público feminino muda seus horizontes e se sente mais à vontade para arriscar e se aventurar. A barreira que pode surgir nestes casos é a aceitação da sociedade em relação a este comportamento.

Riscos

Assim como em qualquer fase da vida, as pessoas sexualmente ativas devem se cuidar. As doenças continuam presentes e podem ser transmitidas. “Se o casal deseja descartar o uso do preservativo, é necessário se resguardar por meio de exames que comprovem a ausência de doenças, infecções ou outros problemas”, alerta Alexandre.

Outro ponto são as complicações que surgem com a idade, como problemas cardiovasculares e hipertensão. O médico explica que o sexo não está diretamente relacionado com ataques cardíacos ou alterações na pressão arterial. Porém, a recomendação é consultar sempre um especialista para se certificar que a pessoa está apta para praticar qualquer atividade física.

Adolescência e velhice

Hoje em dia, o namoro maduro é como se fosse o namoro adolescente. Assim como os jovens fazem às escondidas, os idosos também disfarçam suas relações para não gerar burburinho. “Se um menino e uma menina se trancam no quarto ou uma avó e um avô fazem o mesmo, a reação das outras pessoas pode ser igual: de choque”, aponta Alexandre. Por isso, o sexo deve ser tratado de forma aberta para que a aceitação seja maior. É preciso vencer esse tabu!

Consultoria

Alexandre Kalache, médico gerontólogo, Ex-diretor do departamento de Envelhecimento e Saúde da Organização Mundial da Saúde e Presidente do Centro Internacional de Longevidade (ILC-BR).

 
 

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